Páginas

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O Manacá.


 
Hoje vou contar uma história pra vocês, a história do desapego e do apego. Na minha história o apego e o desapego têm nome.
Vou chamar o apego de Dona Francisca e o desapego de Seu Expedito.
Dona Francisca ama suas plantas e cada uma delas carrega uma memoria um personagem. Uma das plantas que ela mais gosta foi plantada num vaso que não é exatamente um vaso, na realidade é uma tigela esmaltada que foi da sua mãe, hoje furada.  Essa tigela era a onde a sua mãe foi servida com canjas de galinha após os partos. Dona Francisca estima que esta peça  tenha oitenta e seis anos, a idade da sua irmã mais velha.
Seu Expedito adora podar as plantas da Dona Francisca.
Formigão branco é o apelido que seu Expedito ganhou carinhosamente de sua filha (Eu).
Toda vez que seu Expedito fica sozinho na chácara ele poda as plantas da dona Francisca, e sempre que a dona Francisca chega e vê suas plantas “podadas” a casa treme.
Só que dessa vez seu Expedito foi longe de mais, ele podou no toco do tronco o pé de manacá.
Que dó fiquei de dona Francisca, ela ligou chorosa triste reclamando como se pedisse socorro contra esse formigão branco que parece uma saúva.
Nada pude fazer, afinal de contas o manacá já tinha sido cortado.
_Esse manacá foi Raimundo que deu a muda assim que mudamos pra cá. Disse Dona Francisca ainda sem acreditar na proeza de seu Expedito.
Raimundo era seu cunhado que já partiu. A proposito meu padrinho lindo.
_ Mãe deixa falar com meu pai.
_ Pai porque o senhor fez isso?
_ Eu podei pra ela crescer mais forte e assim ela vai dar mais flores.
Meu Deus! Como chamar a atenção desse formigão adorável.
_ Pai, por favor, consulta a minha mãe antes de “podar” as plantas dela. Pode ser?
_ Tá bom. 
Queria eu ser o equilíbrio desses dois adoráveis extremos.
Dizem que quem não tem apego sofre menos.
Mais o que seria de nós se não tivéssemos apego? 
Parafraseando Caio F. Abreu ( ...)Sem apego. Sem melancolia. Sem saudade. A ordem é desocupar lugares. Filtrar emoções.
Cortar todas as plantas?
Concordo mais com Clarice Lispector
“Apego pelo o que vale a pena, e desapego pelo o que não quer valer”.
Será que o pé de manacá um dia vai brotar?
 

14 comentários:

  1. E sou meio Francisca meu Expedita
    Planta tem que ser podada e apegos são apegos, explicar não vale nada....rsrs

    O livro de Padre Fábio Tempo de esperas, fala com recadinhos subliminares de plantio, podas, colheitas, bom para vc ler e tentar ajudar eles, sublinhar trechos para ler para eles...

    Se os dois se entenderam até hoje entre apegos e podas, filhos, netos, chegadas e partidas, não há de ser um pé de Manacá, uma pedra no caminho. Vão se entender e o pé acho sim que vai crescer.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Flor...
      A comparação de poda e desapego é só um jeito de dizer que ambas são importantes na vida da gente no momento certo. Mas tem momentos que não é o período de poda.
      Tem tempo pra tudo.

      Excluir
    2. Verdade, nao seria o período da natureza da terra, da planta, da dona...
      Entendi a comparação, a lembrança do livro e minha resposta foi justamente pela situação.

      Bjos pra vc

      Excluir
  2. Poxa, reza adianta? Vou pedir que renasça mais florido do que nunca. Logo essa planta tão linda, tão perfumada?

    Psiu...Vou te contar um segredo: meu pai faz a mesma coisa com as plantas da minha mãe! Planta e replanta... Ele cultiva o desapego. Ela, o apego. Nós, o equilíbrio!

    Beijinhos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Meu pai poda em qualquer época do ano. Da a doida e ele poda, arranca joga fora.
      Acredito que ele faz isso pra limpar o ambiente. Vira uma confusão kkkk.
      Ele cultiva o desapego. Ela, o apego. Nós, o equilíbrio!
      Beijos!

      Excluir
  3. Com certeza a plantinha vai brotar novamente! A poda é sempre necessário, é perder para ganhar! :D
    Adorei a historinha!

    Ótimo feriado,
    bjoos, eli.

    ResponderExcluir
  4. É mesmo uma mistura de emoções as nossas vidas...
    Todos nós sabemos que a pode é necessária, mais não tão radical não é mesmo? Vou fazer uma comparação: todos nós devemos cortar os nossos cabelos... eles precisam de ter força para brilhar, agora o corte não significa passar a máquina no zero não é mesmo?!! Talvez meu lindo padrinho Sr Expedito tenha exagerado um pouquinho na poda, mais ela com certeza vai crescer bem mais forte , agora com a força da canja de galinha.¨

    Luciana Paulo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Luluzinha to com pena dos dois.
      E preocupada com meu pai.
      Vou pedir aquela tigela pra minha mãe e mandar restaurar, e guardar para quando for vó de novo fazer canja nela. Te empresto pra vc fazer canja pra Luanna rsrsr.
      Bjim.

      Excluir
    2. KKKKKKKKKKKKKKKKKKK combinado.. Talvez essa tigela tenha também outras utilidades na nossa velhice rsrsrsrs kkkkkkk

      Excluir
  5. Francisca e Expedito... apego, desapego, amor, companheirismo.
    Acho que conheço pessoas parecidas com outros nomes.
    Passa lá no blog e veja se não se assemelham Sebastiana e Antônio!
    Beijo

    ResponderExcluir
  6. Claro que o manacá vai brotar, Alê, e com mais vida. Hahaha, quando meu marido entrava no banho, eu pegava a tesoura de poda e fazia o mesmo que o Expedito, é relaxante. Beijos e que a paz retorne mais florida!.

    ResponderExcluir
  7. Adorei e voto no desapego,se a planta voltar a brotar,bom demais!!Aqui eu podo,arranco e o Márcio planta!!Vixe!!Melhor procurar o equilíbrio!

    ResponderExcluir